segunda-feira, 27 de junho de 2011

Suplementação lipídica


As reservas energéticas de gordura são muito mais abundantes do que as de carboidratos. Na teoria, seria mais vantajoso contar com as gorduras do que com os carboidratos nos esforços prolongados, visto que 1g de gordura fornece 9 kcal, enquanto 1g de carboidrato fornece apenas 4 kcal de energia. Apesar de utilizarmos lipídios permanentemente, a sua oxidação, sobretudo em ritmo acelerado, é um processo trabalhoso para a grande maioria dos atletas. É por isso que a maioria dos praticantes de atividades físicas lança mão dos carboidratos.

Quanto mais treinado for o indivíduo, maior a sua capacidade oxidativa, ou seja, mais ele consegue utilizar lipídios como fonte energética. Pessoas normais não apresentam essa capacidade oxidativa elevada, mas mesmo assim podem utilizar lipídios como fonte energética, por isso existem suplementos a base de gorduras que podem trazer bons resultados para meros frequentadores de academias.

Assim como os suplementos protéicos, existem hoje no mercado, vários tipos de suplementos lipídicos. Vamos nos ater a dois exemplos: Ácidos graxos ômega-3 e triglicerídeos de cadeia média (TCMs ou MCTs do inglês).

Ácidos Graxos ômega-3 (W-3)

São ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa com duas ou mais duplas ligações, e a última dupla ligação no terceiro carbono a partir do último (W) da molécula (Grundy, 1996).

O principal representante dos ácidos graxos W-3 é o ácido linolênico e pode ser encontrado nos fitoplânctons marinhos, nos peixes que deles se alimentam (salmão, sardinha, cavala, truta e atum), e nos óleos de vegetais de linhaça e de canola.

A suplementação oral com W-3 de óleo de peixe em sujeitos saudáveis decresce a produção de citocinas pró-inflamatórias interleucinas-2 (Wu, Meydani, Meydani, Hayek, Huth, et al., 1996), e interleucinas-1 nos monócitos isolados, e o fator de necrose tumoral.

Efeitos biológicos dos W-3 são caracterizados pela, diminuição na aderência de plaquetas, diminuição nos níveis de triglicerídeos, menos no colesterol, melhora na fluidez da membrana (eritrócitos) e mudanças no endotélio vascular resultantes na produção de compostos anti-inflamatórios.

Também existo relatos de que o ômega-3 tem ligação com o aumento da secreção de somatropina (Hormônio do crescimento HGH), que é um hormônio altamente anabólico.

TCM’s (Triglicerídeos de Cadeia Média)

Os triglicerídeos de cadeia média são lipídios que são digeridos e utilizados tão rapidamente quanto os carboidratos. Eles não influenciam na secreção de insulina, não causando risco de hipoglicemia (muito importante para praticantes de atividade física, pois ninguém quer ficar sem energia durante um treinamento). É um supercombustível, rico em energia.

Nosso aparelho digestório possui capacidade limitada de absorção de carboidratos, sendo assim, utilizando os TCMs, conseguimos um aumento na quantidade de energia e, consequentemente, do desempenho.

Os TCMs são rapidamente hidrolisados tendo pequena participação pancreática. Os seus ácidos graxos são absorvidos diretamente para a circulação portal e transportados pela albumina. São oferecidos para as células e não necessitam de carnitina para adentrarem na mitocôndria, sendo portanto oxidados mais rapidamente que os ácidos graxos de cadeia longa, parecendo mais ao metabolismo dos carboidratos (Bucci, 1993).

Em resumo, os triglicerídeos de cadeia média têm pelo menos quatro propriedades interessantes para os praticantes de atividade física:

- Fonte de energia facilmente disponível;
- Mobilizam estoques de gordura corporal;
- Aumentam a taxa metabólica;
- Poupam a massa muscular.

Para explicar essas propriedades basta lembrar da aula do Professor Marcelo Hermes, em que foi citado os estudo dos bebês que receberam triglicerídeos de cadeia média. Os bebês não possuíam estoques de glicogênio, portanto necessitavam de uma outra fonte de energia e de uma forma para manter a glicemia. Com a suplementação dos TCMs, vimos que os mesmo foram quebrados em glicerol e ácidos graxos, os ácidos graxos foram degradados à acetil-CoA e entraram no ciclo de Krebs fornecendo energia, enquanto o glicerol foi desviado para a formação de glicose. Com isso poupamos o tecido muscular que seria mobilizado para criar nova glicose (Gliconeogênese) e fornecemos energia para a prática de atividade física, sem contar que iniciamos a recuperação e posterior hipertrofia.

Referências Bibliográficas:

DELAVIER, F. & GUNDILL, M. Suplementos alimentares para atletas, Ed. Manole, 1ª Ed, 2007.
FETT, C. A. et al., Suplementação de Ácidos Graxos Ômega-3 ou Triglicerídios de Cadeia Média para Indivíduos em Treinamento de Força.  Universidade Federal do Mato Grosso, Jul – Dez/ 2001.


Postado por: Daniel Miranda Galvão  11/0027230

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