segunda-feira, 20 de junho de 2011

Atividade Física e Alimentação

 Sabe-se que a alimentação adequada melhora o desempenho físico, mas como alimentar-se adequadamente?  Para isso é necessário primeiro entender o que ocorre com os carboidratos, lipídeos e proteínas e as suas principais funções no organismo.
A digestão de carboidratos tem início na boca, onde o amido é reduzido a fragmentos pela amilase.  No duodeno esses fragmentos são transformados em monossacarídeos, dissacarídeos e trissacarídeos. Os dissacarídeos e trissacarídeos são reduzidos a monossacarídeos através das enzimas presentes nas células epiteliais do intestino delgado e os monossacarídeos são absorvidos pelos próprios enterócitos. Essa absorção baseia-se no transporte dos substratos do lúmen do intestino para o sangue e sistema linfático. Esse transporte pode ser ativo, no qual a entrada de glicose e galactose ocorre junto com o sódio, ou passivo, por difusão facilitada, através de proteínas denominadas GLUTs. A partir daí, a glicose absorvida pode ser utilizada na via glicolítica para formar duas moléculas de piruvato e dois ATP's (adenosina trifosfato). Caso o processo ocorra em condições anaeróbicas, o piruvato virará lactato, porém,  ocorrendo aerobicamente, o piruvato será transformado em acetil-CoA que irá participar do ciclo de Krebs. Depois ocorrerá a cadeia transportadora de elétrons que gerará energia na forma de ATP.     
Os lipídeos são compostos principalmente por triacilglicerois. No estômago a enzima lipase gástrica hidrolisa triacilglicerois em ácido graxo e glicerol, porém a digestão dos lipídeos ocorre em maior quantidade no intestino. A presença de gordura no intestino estimula a produção do hormônio CCK(colecistoquinina), o qual estimula o pâncreas a secretar a lipase pancreática e também impulsiona a secreção biliar. Essa secreção é muito importante já que as gotículas de gordura têm natureza hidrofóbica e por isso elas se agregam em complexos, dificultando a hidrólise enzimática e também a absorção intestinal. Os sais biliares promovem a emulsificação dessas gotículas de gordura aumentando a superfície de contato de lipídeos com a água, facilitando assim a hidrólise enzimática.    
A lipase pancreática cliva a molécula de triacilglicerol em ácidos graxos e monoglicerol. Os produtos da lipólise junto com os sais biliares tendem a agrupar-se e formar micelas. Elas são as principais responsáveis pelo transporte dos ácidos graxos presentes no lúmen para o epitélio intestinal. A partir daí, o destino dos ácidos graxos depende do tamanho da sua cadeia. Os ácidos graxos de cadeia curta são liberados no sangue onde são transportados para o fígado associados à proteína albumina, já os ácidos graxos de cadeia longa são considerados novamente como triacilgliceróis e agrupados com o colesterol, fosfolipídeos e proteínas específicas, formando, assim,agregados chamados de quilomicrons. Esses são liberados para os vasos linfáticos e após isso para os capilares que possuem a lipoproteína lípase. A lipoproteína tem a função de transformar os triacilgliceróis dos quilomicrons em ácidos graxo e glicerol. Os ácidos graxos podem ser oxidados na mitocôndria (beta-oxidação) e gerar moléculas de acetil-CoA que entrarão no ciclo de Krebs.  Após este ciclo ocorrerá a cadeia transportadora de elétrons que liberará energia, na forma de ATP (como dito anteriormente) e o glicerol será transportado para o fígado e utilizado na glicólise.
A digestão das proteínas começa no estômago. Ele secreta o suco gástrico que contém o ácido clorídrico e a proenzima pepsinogênio. O ácido tem a função de desnaturar a proteína e ativar o pepsinogênio, dando origem à pepsina, a qual libera alguns peptídeos e aminoácidos das proteínas. Ao entrar no intestino delgado, os polipeptídeos grandes são clivados a oligopeptídeos e aminoácidos por algumas enzimas pancreáticas como tripsina, quimotripsina, elastase e carboxipeptidases (todas ativadas pela tripsina). Aminoácidos livres e dipeptídeos são absorvidos pelas células epiteliais intestinais, onde os dipeptídeos são hidrolisados antes de entrarem na corrente sanguínea. O aminoácido, através da veia porta, será transportado para o fígado (onde será metabolizado). A degradação do aminoácido consiste na retirada do grupo amino e a cadeia carbônica remanescente poderá ter três destinos: poderá ser oxidada pelo ciclo de Krebs >  cadeia transportadora de elétrons > ATP; poderá converter-se a triacilgliceróis e ser armazenado; e poderá  ainda formar intermediários da gliconeogênese para produzir glicose.
A transferência do agrupamento amino do aminoácido para o alfa-cetoglutarato produz o glutamato e um novo cetoácido. A partir do glutamato poderá ocorrer a transaminação (transferência do grupo amino do glutamato para o oxalacetato), dando origem ao aspartato e ao alfa-cetoglutarato novamente, ou a desaminação oxidativa, a qual liberará o alfa-cetoglutarato e o grupo amina como amônia livre. O aspartato e grupo amino serão utilizados no Ciclo da Uréia.
A primeira reação do ciclo da uréia ocorre na mitocôndria e consiste na formação do carbomil-fosfato a partir da amônia. A seguir o carbomil-fosfato condensa-se com a ornitina, produzindo a citrulina que é transportada para o citossol e reage com o aspartato para dar origem ao arginino-succicinato que se decompõe em arginina e fumarato. A arginina é hidrolisada produzindo uréia e ornitina reiniciando o ciclo.  
 


Bibliografia:
TIRAPEGUI, J. Nutrição: Fundamentos e aspectos atuais. São Paulo, 2ª ed. Atheneu, 2006
Postado por: Laíssa Batista A. do Vale
 

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